Animais de rua: Sofrimento para os bichinhos e risco à saúde pública

Dificuldade financeira é a principal enfrentada por quem atua com proteção nas periferias, que defendem políticas de conscientização
Protetoras de Anjos
22 / 04 / 2023
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Eles sentem fome, sede, frio, medo e dor. Estão em toda a parte, mas na maioria das vezes passam despercebidos. Perdidos ou abandonados, essa é a realidade de muitos cães e gatos. Em uma caminhada de 5 quilômetros entre as avenidas Teotônio Vilela e Belmira Marin, no Extremo Sul de São Paulo, nossa reportagem contabilizou 27 bichinhos à própria sorte.

O número é muito maior que isso: em todo Brasil, são mais de 30 milhões de animais vivendo nas ruas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além do sofrimento animal, isso representa risco à saúde pública: uma vez na rua, sem cuidados ou vacinação, estão suscetíveis a doenças como raiva ou leptospirose, que podem ser transmitidas a seres humanos.

Para o protetor Carlos Fabrini, 53 anos, a conscientização contra os maus-tratos e o abandono, além da castração, é a melhor alternativa para a diminuição e, consequentemente, o fim do número de animais nas ruas.

 

“O Brasil só não tem um colapso populacional de animais de ruas porque a maioria infelizmente morre no seu primeiro ano de vida. Eu quero evitar isso”, diz ele, que atua como protetor independente há mais de 20 anos e já resgatou mais de mil animais das ruas.

Um deles foi o cachorro Thor, que foi atropelado e socorrido por Fabrini. Ele fez um post sobre o animal no instagram, que voltou para sua tutora Camila Matheus. “Eu fiquei muito triste, minha filha ficou doente, eu já havia perdido as esperanças de reencontrá-lo. Após uma postagem de um amigo, o reconheci. Graças a Deus, uma pessoa de bem o resgatou e até o castrou”, lembra Camila, que é trabalhadora autônoma e mora no Grajaú (Extremo Sul de São Paulo).

 

Fabrini aponta que a principal dificuldade de um protetor que atua em periferias é a financeira. Também morador do Grajaú, em 2010 ele criou o projeto Pet Esperança com o objetivo de promover castração em massa em todo o País.

“As pessoas acham que é só resgatar, mas não é bem assim. Muitos dos animais chegam em situações críticas, desde atropelamentos a enfermidades caninas. Então, os custos da consulta, vacina e outras doenças são altíssimos”, explica Fabrini.

Atenção necessária

 

Atenção necessária

Quem segue à procura do animal perdido é a dona de casa Silvia Maria. Desde 9 de junho, seu cachorro Max está desaparecido. Ele tinha o costume de sair pela brecha do portão para a rua, na região do Grajaú, mas dessa vez não retornou.

Cachorro Thor, perdido desde junho na região do Grajaú, Extremo Sul de São Paulo (foto: arquivo pessoal / Silvia Maria)

Ao se deparar com algum animal nas ruas, a orientação é comunicar à Prefeitura pelo número de telefone 156, que tem um ramal específico para chamados de animais em situação de rua, principalmente quando estes estão em de risco próprio ou para as pessoas.

 

A Secretaria Municipal de Saúde não tem uma estimativa de quantos bichinhos estão nas ruas de São Paulo. Até 2015, a cidade tinha 1.874.601 cães e 810.170 gatos domiciliados. Para evitar novos abandonos, em 2021 a Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (COSAP) criou o programa educativo “Guarda Responsável”, que tem o objetivo de implementar a conscientização, disseminado junto à sociedade, diversas atividades para estimular crianças e escolas a atuarem como multiplicadoras contra o abandono. Acesse aqui.

 

Desde 2001, a Prefeitura também disponibiliza a castração de cães e gatos que possuam tutor por meio do Programa Permanente de Controle Reprodutivo. O programa prevê atendimento em clínicas contratadas ou, ainda, por meio de mutirões realizados em regiões de maior exclusão social. Por ano, são em média 110 mil castrações no município.

Com a pandemia da covid-19, o serviço pode ser solicitado pela internet (clique aqui). O atendimento é feito por clínicas particulares conveniadas com a Prefeitura. Acesse aqui e agende a castração do seu pet.

 

osso adotar?

Qualquer pessoa pode ter um animal de estimação, mas a partir do momento em que você adota se responsabiliza com uma vida. Mesmo que se tenha simpatia pelos animais, o recomendado por protetores é que se crie somente quando houver condições para bancar o pet. Assim, evitamos abandonos e danos físicos e emocionais aos bichinhos. Por isso, preparamos um quiz para você avaliar se está no momento ideal para adoção. Responda SIM ou NÃO

  • Cachorros e gatos costumam ser muito espaçosos, principalmente os brincalhões, que gostam de aproveitar todos os cantos da casa. Sua casa tem espaço para abrigá-los?
  • É fundamental que se vacine os animais nos primeiros meses e durante a vida toda para evitar doenças caninas que podem levar à morte. Você tem condições de manter as vacinas de seu pet em dia?
  • Assim como nós humanos, os animais também sentem fome e muita. Eles gostam de comer comidas comuns, mas o recomendado é que se tenha uma alimentação saudável e rações são a melhor opção. Vamos as compras?
  • O cachorro é o melhor amigo do homem e eles amam chamar a sua atenção. Sendo assim, nada mais justo do que retribuir todo o carinho e amor passeando com o seu bichinho regularmente.Você teria esse tempo?
  • Cachorros costumam ser muito travessos, enquanto os gatos rueiros. Desse modo, ambos podem acabar se sujeitando a acidentes graves: Se acontecesse, você teria condições imediatas para levar seu animal ao atendimento veterinário?
  • Muitas pessoas acabam abandonando seus pets, por imprevistos inesperados, como gravidez, mudanças ou até mesmo pela personalidade do animal. Você pretende permanecer com animal, independente da situação?

Maioria positiva: Você ama mesmo os animais e o lado bom é que está super preparado (a) para criar um. Se já tem um, certamente ele é muito feliz, agora se estiver pensando em adotar, vá fundo. Nos abrigos tem um monte de bichanos esperando por um lar quentinho.

Maioria negativa: Hum, apesar de você gostar de animais, a melhor opção no momento é não adotar. As situações atuais de sua vida não favorecem para uma adoção responsável. Que tal esperar mais um pouco? Isso é bom para você se programar. Mas calma, tudo no seu tempo.

Fonte: periferia em movimento