Os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que atribui responsabilidades aos dois países para o encerramento da guerra, foram alvo de críticas, ontem, tanto pelos Estados Unidos quanto pela União Europeia.
As falas de Lula, na visita à China e aos Emirados Árabes Unidos, além de convocarem os países não envolvidos a participar de um grupo de paz, cobraram que Estados Unidos e União Europeia "parem de incentivar o conflito" com o fornecimento de armas para a guerra.
A resposta da Europa veio por meio do porta-voz de assuntos externos da União Europeia, Peter Stano, em pronunciamento, ontem, em Bruxelas, na Bélgica. O comunicado rejeitou as acusações do presidente brasileiro, afirmou que a Rússia é a única culpada pelo conflito e reiterou que União Europeia e Estados Unidos estão trabalhando juntos para combater a guerra.
"O fato número um é que a Rússia, e somente a Rússia, é responsável (pela guerra). Ela gerou provocações e agressões ilegítimas contra a Ucrânia. Não há questionamentos sobre quem é o agressor e quem é a vítima. Os EUA e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional", diz Stano. "Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa. Não é verdade que os EUA e UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidade à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados."
Já os americanos foram mais duros. O coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, chamou os comentários de Lula de "simplesmente equivocados". Para ele, o Brasil está "repetindo a propaganda russa e chinesa sem olhar para os fatos". Kirby fez a declaração mais enfática de um membro do governo americano quanto aos movimentos da diplomacia brasileira sobre o conflito europeu.
"Infundadas"
Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, às críticas do governo dos Estados Unidos sobre a posição brasileira são infundadas. Na avaliação doo chanceler, o Brasil "trata de paz", não de guerra.
Após o encontro do presidente Lula com o chanceler russo, Serguei Lavrov, no Palácio da Alvorada, Vieira disse a jornalistas que não tinha ouvido as críticas de Kirby. "Só posso dizer que o Brasil e a Rússia completam, neste ano, 195 anos de relações diplomáticas com embaixadores residentes, e, enfim, são dois países que têm uma história em comum", frisou Vieira.
Informado pelos jornalistas, o chanceler disse não concordar com a opinião do funcionário do governo americano. "Não sei como, por que chegou a essa conclusão. A conversa, tanto comigo como com o presidente Lula, não entrou em quadro de guerra. Falamos sobre paz. O presidente reiterou que o Brasil está disposto a cooperar com a paz", ressaltou.
Fontes: Estado de Minas